No dia 14 de setembro a comunidade escolar da EE Profª Rosina Frazatto dos Santos, reuniu-se para discutir e refletir sobre os resultados obtidos no Saresp 2011 e construir ações que ajudem os alunos avançarem no processo de ensino e aprendizagem.
Vejam as fotos dessa tarde e do almoço elaborado pelas próprias professoras.
Ações sugeridas para que os alunos possam desenvolver a fluência leitora:
Este material irá pautar as próximas ATPC's do grupo docente:
Como
fazer para que os alunos sejam bons leitores?
Cinthia
Kuperman
Que fazer
quando as crianças já leem, mas suas leituras são pouco fluídas?
Muitos professores se perguntam o que fazer
quando a leitura dos seus alunos é pouco fluente. Em princípio, temos que
recordar que ler com fluência não necessariamente equivale a compreender. Se os
alunos não atribuem sentido ao que leem, é porque têm permanecido presos à
decifração; portanto não estão lendo. É necessário agilizar a leitura para
conseguir que se sintam mais seguros e tenham mais ferramentas disponíveis para
enfrentarem um texto. Saber que funções cumprem os negritos que destacam
determinadas frases ou palavras, que pistas oferecem os títulos, o que
significa um asterisco junto a uma palavra, como buscar informação específica
em uma enciclopédia de quatrocentas páginas, são competências necessárias para
ser um leitor ágil.
Como se assinalou em outros trabalhos neste
livro, não há uma única modalidade de leitura, mas múltiplas, de acordo com a finalidade
que orienta essa atividade. Ler ou não com fluência também depende da intenção
com que se aborda o texto. Na classe, com certos materiais, é imprescindível
compartilhar os propósitos da leitura para que os alunos consigam dar sentido
próprio a essa tarefa. Que saibam para que leem, o que se espera, que
estratégias podem funcionar como referência para outras ocasiões, é essencial
para ajudar-se a ler melhor. Também é útil saber ler em voz alta para um
auditório, seja um conto, uma poesia, ou um fragmento de informação localizada
e que essa leitura permita comunicar um significado. Preparar-se para ler
diante de um auditório requer ensaiar previamente a leitura e é provável que
isso ajude a ler de forma mais fluída, ao menos, o texto em questão.
Apresentamos aqui alguns exemplos
enquadrados em projetos ou atividades habituais, com propósitos claros,
definidos e compartilhados com a classe. Neles os alunos ensaiam para ler
frente a um auditório.
Ler
um conto favorito para outros ou o espaço
do contista
Nesta atividade habitual, os alunos têm a
responsabilidade de escolher um conto e lê-lo aos seus companheiros. A escolha
é compartilhada com o professor, que se assegura de que os contos selecionados
tenham qualidade literária. Para organizar a tarefa, se elabora uma lista com
os nomes dos alunos e das leituras escolhidas, que serão lidas uma vez por
semana. No dia estabelecido, o contista
será encarregado de ler seu conto e decidir como e quando mostrar as imagens,
oferecer dados do autor e do paratexto (como são a capa e a contracapa), e
organizar as rodas de conversa, a vez em que cada um fala, no intercâmbio
posterior.
A classe e o professor ouvem e ao final se
organizam perguntas e comentários sobre o que suscitou o texto ou interrogações
acerca de como procedeu o leitor para preparar-se. Esta situação é
interessante, uma vez que impulsiona os alunos a praticarem a leitura de um texto conhecido para expô-lo diante de
um auditório.
Produção
de fitas cassetes ou CDs de poesias para acompanhar uma coletânea impressa
Este projeto propõe coletar poesias
variadas e numerosas, que depois são gravadas e reproduzidas para um amplo
auditório constituído por familiares, outros alunos, professores, etc., ou para
organizar uma biblioteca falante.
O propósito didático é pôr à disposição dos
alunos diversas e variadas poesias de autores consagrados e promover seu
conhecimento do gênero.
A seguir alguns dos momentos da proposta:
·
O professor lê poesias aos alunos de maneira sistemática.
·
Os alunos ouvem outras pessoas – da escola e outras, por
meio de gravações – ler poesias.
·
Seguem o texto de alguma poesia, enquanto ouvem uma gravação
da leitura que o próprio autor fez do poema.
·
Leem sobre a vida e a obra dos autores.
·
Conversam sobre como os autores abordam algum tema, paisagem
ou sentimento particular.
·
Descobrem a beleza de seus peculiares modos de apresentar a
realidade.
A turma se
enriquece graças às leituras e aos intercâmbios sobre uma variedade de poesias.
Os alunos discutem acerca de suas percepções quando outros leem: a entonação de
uma frase determinada, o ritmo da linguagem poética, etc. Analisam-se os modos
de ler contos ou notícias e a forma como se leem as poesias. Em todos os
momentos há poesias à disposição dos alunos.
Antes de gravar
suas poesias, os pequenos terão lido e ouvido ler e têm à sua disposição diversos
poemas; o professor os incentiva a reler e a questionar-se sobre as suas
preferências. Isto permitirá combinar critérios de seleção para a escolha dos
textos que farão parte da coletânea. Uma vez selecionada a poesia, começarão os
ensaios.
Cada aluno ensaia
para ler da melhor maneira possível. Como se requer tempo, os alunos praticam
tanto na escola como em suas casas; ouvem, analisam como leem, redefinem
critérios, emitem opiniões e voltam a ensaiar até concordarem que se entendem o
que leem; então estão preparados para gravar os poemas.
Enquanto desenvolvem
estes procedimentos, o professor se aproxima dos grupos e observa suas tarefas,
compartilha com todos os processos que deram resultado ou então as dificuldades
suscitadas, incentivando a reflexão sobre as maneiras de ler as poesias. Às
vezes lê a meia voz algum verso para ajudar os alunos a ler e mostra com sua
leitura como poderia ser o ritmo desse verso; inicia com os alunos um diálogo
sobre o tema do poema e solicita que explicitem como conseguiram melhorar a
leitura. Em seguida, escreve em um cartaz à vista de todos, as sugestões
decididas para serem consultadas em outra oportunidade.
O seguinte registro
é um exemplo de uma classe de 2º ano que está preparando um cd.
(A
professora observa Joaquim muito concentrado
com sua poesia, se aproxima e lhe pergunta):
Professora: Como você está lendo?
Joaquim: procuro lembrar de memória, porque
isso me ajuda a ler melhor; leio muitas vezes a mesma linha e, quando estou
seguro, passo a outra.
Outra aluna: Na minha casa
gravei enquanto lia, escutei para saber se podia melhorar.
Joaquim encontrou uma estratégia que o
ajuda a sentir-se seguro. Ler o mesmo verso uma e outra vez lhe permite
apropriar-se do ritmo das palavras e adquirir mais segurança. Os alunos buscam
maneiras de obter parâmetros próprios para regular sua leitura, têm claro o
propósito: ler o melhor possível para gravar o cd.
Após gravar os poemas, a professora lhes
propõe que elaborem um cartaz que explique como fizeram, para compartilhar com
outros alunos suas estratégias, e usá-las eles mesmos em outras ocasiões. A
professora anota as seguintes conclusões:
·
“Ler a outros enquanto se pratica a leitura melhor,
porque os que ouvem dizem se se entende ou
não
e o que há para melhorar.”
·
“Pode-se ler muitas vezes o mesmo verso, assim se lembra bem
e depois se lê melhor.”
·
“Se você se perde, pode marcar com o dedo ou uma régua onde
está lendo”.
·
“Pode-se ler por partes. Quando estiver seguro com cada
parte, lê o texto todo”.
·
“Temos de praticar muito”.
· “Escolher uma
poesia e lê-la muitas vezes”
Ler contos de autor para alunos menores
Esta proposta se inclui num projeto mais
amplo, que é seguir a obra de um autor. À medida que os alunos leem e comentam diversos
títulos de um autor, e também os dados de sua vida e sua obra, sabem que
deverão escolher os mais adequados para ler aos menores. Selecionar os textos
que lerão é uma tarefa complexa que convida a reler; talvez não seja necessário
ler o conto completo, mas folhear o livro para recordar essa história e, assim,
poder decidir se é adequada ou não para compartilhar. Enquanto se discutem os
critérios de seleção, os alunos se organizam para ouvir a leitura e participam
como observadores.
No 4º ano, o professor registra o que fazem
os alunos enquanto leem ou veem os outros ler.
Penduram
dentro do quadro o cartaz que diz: “Estamos lendo”.
·
Fazem uma roda
sentados no chão.
·
O leitor pergunta
aos alunos se conhecem o livro enquanto o mostra.
·
Se leem um romance
recorda onde haviam parado a leitura no último encontro e mostra onde deixou o
marcador.
·
Alguns leitores
mostram as ilustrações enquanto leem o conto.
·
Outros leitores
fazem gestos enquanto leem.
·
O leitor pede que
ouçam e que não se preocupem se há alguma palavra cujo significado não
compreendem.
·
Diz quem é o autor.
·
Deixa o livro lido
na biblioteca de sala para o caso de alguém desejar consultá-lo.
Tomar consciência sobre como se lê para
outros ajudará os alunos a ter presente a hora de realizar leituras por si
mesmos. Eles repartem os contos e compartilham a leitura, durante várias
sessões, para ensaiar. Um aluno propõe “ler pausado, nem muito rápido nem muito
lento”. Os alunos escolhidos leem aos colegas e, ao regressarem à sala de aula,
compartilham suas experiências e ajustam aquelas estratégias que possam ser
usadas junto aos próximos leitores. ‘Não parar de ler, somente ao mostrar as
ilustrações; pode-se deixar que os alunos falem; mostrar a capa e a contracapa
do livro; ler dados da capa e da contracapa antes de começar o conto” são
alguns dos comentários que fazem os alunos depois que leem para as crianças de
cinco anos.
Teatro lido
Durante a leitura de obras teatrais, ou
como etapa final de um projeto específico como o de adaptar contos a obras
teatrais, os alunos podem se preparar para fazer teatro lido. Esta modalidade é diferente das anteriores, já que nem
tudo o que está escrito se lê em voz alta. Uma questão complexa e, por sua vez,
interessante é perguntar-se o que se deve ler em voz alta e o que faz parte da
linguagem teatral, porém não se verbaliza.
Oferecer oportunidades para que leiam e
reflitam sobre esta prática ajudará os alunos a agilizar sua leitura. Se os
alunos têm a oportunidade de ter acesso a um trabalho sustentado, de leituras e
releituras; se podem resolver desafios e se os orientamos para que construam os
conhecimentos necessários – por exemplo, a estabelecer relações entre situações
e saberes para consolidar o aprendido e reutilizá-lo -, os ajudamos a participar
ativamente da cultura escrita.
Ler em voz alta deve ser uma oportunidade a
mais para ler, não uma situação escolar privilegiada ou de avaliação. Para que isto aconteça, as situações de
leitura em voz alta devem ser práticas carregadas de sentido, com propósitos claros
e destinatários reais. A escola tem a função específica de conseguir que os
alunos tenham consciência do que sabem. Neste sentido, a leitura, como outros
conhecimentos, não é espontânea, mas ao contrário, deve facilitar o encontro
dos alunos com a língua escrita e promover o processo de sua aprendizagem.
Como atuar com os
alunos que têm medo de errar?
Não há uma fórmula precisa para saber o que
fazer com os alunos que se mostram temerosos diante da leitura. No entanto, há
algumas intervenções didáticas que podem ajudá-los a ter confiança em si mesmos
e a considerar o erro como parte do processo de aprendizagem.
Saber que o conhecimento é provisório e que
tudo o que se aprende é objeto de sucessivas reorganizações permite substituir
esse temor e ganhar confiança na sua capacidade. O professor ajuda os alunos a
se darem conta do que podem e do que sabem. Por isso é importante planejar
situações didáticas que organizem o ensino na classe, de modo que os alunos
reflitam a partir dos conhecimentos – em alguns casos errôneos ou provisórios –
que possuem e possam fazer o que lhes propomos: ler um novo texto, um texto
mais extenso, buscar informação precisa, etc. A única maneira de promover a
aprendizagem é que os alunos resolvam situações problemáticas e adquiram
estratégias que lhes permitam resolvê-las cada vez com maiores recursos.
Será indispensável que possam ler com
frequência, já que, se não o fazem, não poderão ganhar confiança como leitores.
Como sustenta Delia Lerner, é fundamental
Capacitar
os alunos para decidir quando sua interpretação é correta e quando não é, para
estarem atentos à coerência do sentido que vão construindo e detectar
inconsistências, para interrogar o texto buscando pistas que endossem tal ou
qual interpretação. [...] Trata-se, então, de oferecer aos alunos oportunidades
de construir estratégias de autocontrole da leitura.
As propostas de leitura apresentarão aos
alunos o desafio de validarem por si mesmos suas interpretações. Para que isso
ocorra, o professor adia a indicação da resposta correta, permite a reflexão e
a discussão coletiva, e estimula o surgimento de várias interpretações de um
mesmo texto.
Outra forma de gerar confiança é atendendo às
necessidades particulares dos alunos. O professor poderá ajudar aqueles alunos
que necessitam de um comentário ou uma observação personalizada sobre o que
fazem quando leem; por exemplo, sugerindo-lhes que podem recorrer a uma régua
para seguir a leitura e que não convém deterem-se nas palavras que não
compreendem, mas tratar de inferir a que se referem pelo contexto. Poderá
aproximar-se de um pequeno grupo que tenta avançar na leitura de um texto – por
exemplo, em uma roda de leitura – para discutir com eles o que não entendem ou
ler para eles em voz alta um fragmento que lhes pareça difícil. Também pode
selecionar alguns aspectos do que tenha ocorrido em um grupo para compartilhar
coletivamente ou oferecer a informação necessária para que todos avancem na
compreensão do texto.
A confiança se adquire com o tempo e com a
possibilidade de lembrar o que foi objeto de prática ou reflexão. Convém que os
alunos compartilhem os conhecimentos alcançados – por exemplo: “Estamos
estudando sobre a rã, este é um texto extraído de outra enciclopédia. Como
podemos saber onde olhar para saber qual é a fonte?” – e pensar se uma
estratégia de leitura que serviu em outra situação poderia ajudar nesse caso.
Em um ambiente onde “vale errar” e é
possível apagar, riscar, ler, reler, praticar, contar com mais de uma resposta correta, validar e justificar as interpretações,
é possível que os alunos desenvolvam confiança em seu potencial como leitores.
Como formar bons
leitores?
Ajudar os alunos a ser bons leitores é uma
tarefa que abrange toda a escolaridade. Ler é uma atividade complexa que requer
uma prática sistemática. Os leitores se formam mediante múltiplas leituras,
tanto as realizadas por meio da voz de outros – professores, pais, um aluno mais
experiente – como por si mesmos.
A escola como instituição deve oferecer
oportunidades de fazer uso da língua escrita. Para isso, deve fazer o esforço e
ter o compromisso de pôr livros à disposição dos alunos e gerar intercâmbios a
partir desses contatos. Será necessário, então, prever situações de leitura que
permitam a todos ter acesso direto às
leituras: para alguns, será talvez um primeiro contato direto com os livros e,
para outros, uma oportunidade de ampliar seu marco referencial de textos. Isto
implica enfrentar o desafio de construir uma nova versão da leitura, que se
ajuste muito mais à prática social e permita que os alunos se apropriem
efetivamente dela.
Várias questões podem ser levadas em conta
para ajudar os alunos a ser bons leitores. Em continuação analisam-se algumas
propostas didáticas que, na prática, se relacionam, pois uma necessita da
outra.
Ler diversos textos
Será necessário propor diversos tipos de
textos: um repertório amplo, de circulação social real (receitas, cartas,
contos, notícias, obras de teatro, páginas de enciclopédia, etc.) Sem textos
verdadeiros na sala de aula, é impossível ajudar os alunos a melhorar seu
processo leitor.
Na escola há uma tradição segundo a qual se
fracionam e graduam os textos ao ponto de deixar de serem textos.
A prática escolar se distancia e fica dissociada de outras práticas sociais; os
textos que se oferecem se transformam em absurdos, carentes de sentido e de
verdadeiros propósitos comunicativos. Ter o texto completo à disposição oferece
mais pistas ao leitor que ter somente
uma parte descontextualizada. Quando se lê unicamente um fragmento ou uma
notícia isolada, se xeroca uma página de um livro de estudo, etc., é
fundamental mencionar a fonte, isto é, indicar de onde foi extraído o texto,
mostrar o livro completo, o jornal ou o suporte de onde fazia parte. Isto
permitirá contextualizar sua procedência.
Ler segundo um
propósito
Quando os alunos e os adultos leem com um
propósito claro, estão em condições de selecionar o texto e ajustar as
estratégias mais adequadas para compreendê-lo.
Esse propósito pode ser desfrutar, obter informação – geral ou precisa -,
seguir instruções, comunicar algo a outros, etc. Não se lê porque sim; sempre há uma finalidade. É necessário prever diversos
propósitos de leitura tanto durante cada ano escolar como durante toda s
escolaridade.
O professor lê aos
alunos
Ao ler um texto aos alunos, o professor modeliza
comportamentos de leitor; comenta qual editora publicou o material; quem é o
ilustrador; lê os dados da contracapa; relaciona o texto com outro da mesma
coleção, com outros títulos do autor, ou com textos similares; lê o índice;
mostra o marcador de página que usará e antecipa quanto vai durar a leitura;
faz marcas com lápis no texto e as compartilha com os alunos. O professor
comunica qual é o propósito: lê para que os alunos conheçam uma história; lê um
bilhete que colarão no caderno de comunicados; lê para buscar informação
específica e solicita que o avisem quando perceberem que dada informação é
relevante; relê; registra uma página para depois encontrá-la facilmente e
escreve um pequeno texto que funcione como apoio
à memória. Gera um ambiente que propicie e estimule a leitura. Enfim, um
professor que atua deste modo, ensina a ler.
Os alunos leem por
si mesmos
O professor oferece livros aos alunos e os prepara
como leitores na aula. Dá-lhes tempo para que olhem os textos, para que
selecionem entre vários qual servirá para buscar informação acerca do que estão
estudando. Põe à sua disposição marcadores de páginas para que marquem aquilo
que depois desejarão voltar a ler; convida a ler um título; oferece várias
biografias para que os alunos encontrem as que são de autores que estão lendo e
para que localizem novas informações relacionadas com o que selecionaram até o
momento. Pergunta como fizeram para encontrá-las, em que se detiveram, o que
levaram em conta. O
professor não impõe a sua leitura, trata de compreender o que os alunos leram,
qual o sentido que construíram. Deste modo, também ensina a ler.
Em cada aula há alunos com diferentes
experiências em situações de leitura. Isto, mais que um problema, é um
interessante ponto de partida para começar a trabalhar. Diversas intervenções
ajudarão para que todos leiam um texto. Estas variarão de acordo com o texto, o
propósito, a informação que oferece o professor e os conhecimentos que tenham
os alunos. Por exemplo:
·
Dizer que o texto informa sobre a rã e solicitar aos alunos
que localizem os dados novos que oferece sobre o tema;
·
Solicitar que localizem em um novo texto informações que já
conhecem sobre o tema que estão estudando.
Ler bem não é, necessariamente, fazê-lo bem
em voz alta. Tradicionalmente, na escola, ler
bem era sinônimo de dizer bem,
mas agora se sabe que entender não é o mesmo que oralizar um texto escrito.
Em síntese, aprender a ler não é uma tarefa
que se consegue de um dia para o outro. Para transformar os alunos em bons
leitores, temos que oferecer-lhes um amplo repertório de leituras, para que
possam estabelecer relações e antecipar por meio dos dados do paratexto qual
informação se pode encontrar no livro; solicitar que busquem informação e que
saibam onde encontrá-la, ou escolher, entre vários textos disponíveis, algum;
ler e reler para esclarecer dificuldades, marcar o texto, avançar e voltar
sobre o que foi lido para atentar para as ideias. Enfim, formar alunos como
leitores plenos é ajudá-los a ler melhor.
Todas as situações
de leitura devem levar a uma proposta de escrita?
É frequente que, depois de ler um conto, se
proponham aos alunos responder a um questionário ou desenhar o personagem ou a
parte do conto que mais se gostou; ou, depois de ler uma notícia, escrever
outra, ou ler uma receita antes de inventar uma nova.
Deste modo, a atividade de leitura continua
de alguma forma em uma situação de escrita. A necessidade de avaliar desempenha
um papel importante nestas decisões didáticas, como se o professor solicitasse
as produções escritas para saber se o que foi lido foi compreendido.
Contudo, estas atividades não ajudam a
formar verdadeiros leitores autônomos e críticos. Tampouco a formar escritores.
Nem todas as situações de leitura devem derivar em propostas de escrita. Tal
como acontece na prática social, às vezes, se lê e somente se marca um
fragmento para recuperar essa informação depois; outras vezes se tomam notas;
porém, com frequência, somente se lê pelo
prazer e a satisfação de ler.
É necessário que, nas aulas, e durante toda
a escolaridade, existam situações cuja intenção seja ler por ler junto a outras que permitam ler para escrever.
São várias as situações habituais ou
independentes de leitura que se podem planejar com a intenção de ler por ler. A proposta é organizar uma
sessão quinzenal ou semanal para que o professor leia para os alunos e estes
para a classe, ou momentos nos quais cada um leia de forma independente.
Em todos os casos, o professor explicita o
propósito da leitura. Estas situações implicam na leitura e no intercâmbio
entre os leitores. O professor é o mediador entre o texto e os alunos:
apresenta os livros selecionados previamente; lê em voz alta; relê uma passagem
interessante, engraçada ou que mostra semelhanças com outras obras; assinala as
marcas de estilo que caracterizam a forma de escrever do autor (reiterações,
escolhas de palavras, tipos de frases, etc.). Como leitor experiente,
problematiza o que foi lido, retoma o texto quando é necessário; solicita aos
alunos que leiam novamente para localizar um fragmento interessante, para que
pensem nas motivações de um personagem e possibilita que surjam vários pontos
de vista sobre o lido.
É indispensável planejar estas situações
para que se produzam intercâmbios valiosos. Além disso, é possível registrar o
ocorrido e guardar a informação para retomá-la e tornar a ler posteriormente:
cartazes com listas dos contos já lidos, de gêneros literários, das
curiosidades e das fontes de onde se retiraram as informações; um painel onde se
afixam as notícias lidas ou os personagens de uma novela; anotações com as
características de como escreve um autor, etc.
Outras vezes é interessante apresentar
situações que requeiram ler para escrever.
Nestes casos, não será suficiente uma só
leitura, mas é imprescindível que haja uma exaustiva leitura de modelos do
texto que se vai escrever, com o objetivo de que os alunos construam
consciência sobre as características que têm esses textos, que lhes permitam
diferenciá-los de outros já conhecidos. O professor compartilhará os propósitos
da tarefa. Algumas das atividades poderão ser: escrever um conto à moda de certo autor, escrever o
prólogo de uma antologia ou coletânea de poesias, escrever contos do gênero
lido, escrever outra aventura para o personagem da história que se está lendo,
recomendar contos lidos etc.